O post de hoje veio de um insight que tive ao ler a apresentação de Philip Kotler para a HSM Expomanagement (maior evento de gestão da América Latina) 2010 sobre o marketing 3.0. Nela, Kotler compara a evolução do marketing segundo etapas que ele definiu como 1.0, 2.0 e a atual 3.0. A necessidade de se aplicar o novo conceito do marketing 3.0 é nítida e condiz com o novo cenário em que se encontra o mercado mundial. Apesar disso, muitas empresas ainda não saíram do marketing 1.0, o que centra esforços no produto.
Quanto mais ele se aprofundava em sua apresentação, mais eu ia notando o quanto o marketing dirigido aos valores, ao espiritual e ao emotivo, o chamado marketing 3.0, se aproxima da profissão de Relações Públicas. Cheguei a pensar, por um breve instante, que marketing e relações públicas viraram a mesma coisa. O colega @prochno, inclusive, comentou em seu Twitter sobre uma matéria a respeito dessa palestra na Expomanagement 2010: “Alguém avisa pra ele [Kotler] que isso é Relações Públicas?”. A verdade é que naquela matéria, para a qual fui direcionada quando cliquei no link, li que Kotler defendia para o novo marketing “um caso de amor” entre cliente e empresa, envolvendo-o de forma que falar bem sobre a empresa seja uma consequência de um bom atendimento/experiência, e não, necessariamente, um fim.
Autores como Kunsch e outros renomados profissionais de Marketing e Relações Públicas já elucidaram a diferença entre essas duas importantes porém específicas áreas: enquanto as relações públicas cuidariam do lado institucional e corporativo (identificando públicos, coordenando programas de comunicação, prevendo e gerenciando crises), o marketing, por sua vez, estaria focado no mercado, no produto ou no serviço, bem como na satisfação do consumidor. Estaria tudo em panos limpos agora, se não fosse pelo fato de que esse marketing comentado por Kunsch em Planejamento de Relações Públicas na comunicação integrada (Summus, 2003) refere-se ao que Kotler hoje denomina de marketing 1.0.
Conclusão? O marketing está caminhando para uma parceria cada vez mais forte com a comunicação, especialmente as relações públicas. Rá! Se sentiu ameaçado, não é? Mas não tema, há sempre espaço para os melhores profissionais, particularmente aqueles que sabem que a convergência entre áreas, a multidisciplinaridade e o contínuo aperfeiçoamento na profissão são requisitos básicos para se diferenciar e se destacar no mercado.
O marketing 3.0 assusta mesmo. Como em qualquer mudança. O novo conceito proposto por Kotler “toma emprestado” o que nós, RPs, sempre defendemos: tratar cada cliente (leia-se públicos para os RPs) segundo seus valores, ouvi-lo, levar em consideração o que ele quer, pensa e acredita. Mas, reitero: o marketing não gerencia crises, não executa planos de comunicação, dentre outras atividades competentes às Relações Públicas. Por mais parecidas que essas áreas se tornem, elas sempre darão mais resultados quando tratadas de forma complementar, pois cada uma tem sua especificidade.
Levando em consideração tudo isso, sugiro que leiam a apresentação de um dos “pais do marketing” para tirarem suas próprias conclusões e buscarem elucidar alguns pontos que são próprios do marketing 3.0. No mais, só posso torcer para que a “reinvenção” da área seja uma nova oportunidade para que tanto as Relações Públicas quanto as demais áreas envolvidas possam mostrar o seu valor próprio e o valor como apoio às atividades de marketing.
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